sábado, 4 de dezembro de 2010

Crônicas

Coloque mais emoção em sua vida: faça pipocas sem a tampa da panela.

Acho que tou
                    Luís Fernando Veríssimo

-Acho que tou-disse a Vanessa
-Ai, ai, ai-disse o Cidão

 No entusiasmo do momento, os dois a fim e sem preservativo à mão, a Vanessa tinha dito "Acho que dá". E agora aquilo. Ela podia estar grávida.
 Do "Acho que dá" ao "Acho que tou". A história de uma besteira.
 Mais que uma besteira. Se ela estivesse mesmo grávida, uma tragédia. Tudo teria que mudar na vida dos dois. O casamento estava fora de questão, mas não era só isso. A relação dos dois passaria a ser outra. A relação dela com os pais. Os planos de um e de outro. O vestubular dela, nem pensar. O estágio dele no exterior, nem pensar. Ele não iria abandoná-la com o bebê, mas a vida dele teria que dar uma guinada, e ele sempre culparia ela por isto. Ela não saberia como cuidar de um bebê, sua vida vida também mudaria radicalmente. E se livrarem do bebê também era indispensável. Uma tragédia.

-Quando é que você vai saber ao certo?
- Daqui a dois dias.

Durante duas noites, nenhum dos dois dormiu. No terceiro dia ela chegou correndo na casa dele, agitando um papel no ar. Ele estava no seu quarto, adivinhou pela alegria no rosto dela qual era a grande notícia.

- Não tou! Não tou!

Abraçaram-se, aliviados, beijaram-se com ardor, amaram-se na cama do Cidão, e ela engravidou.


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